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Hora de convergir

Artigo publicado no Correio Braziliense em 28/11/2017

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As três décadas de história do PSDB se misturam às do Brasil redemocratizado, menos pela coincidência de datas, mas sobretudo pelas conquistas políticas, econômicas e sociais obtidas desde 1988. A despeito de obstáculos ainda a serem transpostos rumo a um país próspero e justo, são muitos os avanços sob a égide da atual Constituição e, principalmente, a partir do Plano Real. O que necessitamos, mais uma vez, é unir forças em torno de uma visão estratégica, baseada na racionalidade e na capacidade de diálogo com a sociedade, para construirmos e apresentarmos um projeto nacional que nos leve ao patamar de desenvolvimento e bem-estar social que os brasileiros almejam e merecem.

Essa é uma síntese do que efetivamente está em discussão na atual quadra do Brasil e do PSDB. Novamente, coincidem os momentos decisivos em que país e partido se encontram. Não é mero acaso: quando o PSDB está fortalecido, torna-se protagonista das ações por um Brasil melhor. Como em 1994, quando implementamos um inovador plano de combate à inflação, criamos uma nova moeda e propusemos uma avançada agenda de reformas tanto no âmbito federal, com Fernando Henrique Cardoso, quanto nos governos subnacionais, cujo símbolo maior é Mario Covas, sólida raiz de mais de duas décadas de gestões bem-sucedidas em São Paulo.

É quando unimos nossas forças internas de forma coesa que mais conseguimos nos aproximar do pulsar das ruas. As múltiplas vozes da sociedade não esperam de nós casuísmo ou oposição a qualquer preço, e sim coerência e compromisso com um Brasil melhor. Dentro ou fora de um governo, sabemos diferenciar a luta partidária das questões nacionais e não deixamos de apoiar propostas pertinentes pela coloração política de seus autores. Exemplo disso é a reforma da Previdência, tema em pauta há mais de duas décadas e que novamente demanda nosso comprometimento.

Na base do “quanto pior melhor”, em 1998 o PT fez de tudo para impedir a instituição de idade mínima para aposentadoria que propusemos – diga-se, em faixa inferior à que se faz necessária agora, de modo a compensar o tempo perdido. Cinco anos depois, já no poder, o casuísmo lulopetista deu lugar a alguma responsabilidade e Lula propôs uma reforma na previdência do setor público: conseguiu aprová-las porque mais da metade dos deputados do PSDB na época não pensou em votar contrária ou favoravelmente àquele governo, mas apenas em votar a favor do Brasil e, portanto, de um sistema de previdência mais equilibrado, como também se busca agora.

Vale lembrar que a demagogia da esquerda sectária chamou de “herança maldita” os bons fundamentos deixados por FHC que permitiram muitos dos avanços econômicos e sociais obtidos pelo Brasil na década seguinte. Basta citar que o Programa Bolsa Família só existe porque antes o PSDB criou o Bolsa Escola – se dependessem das falácias petistas, os pobres ainda estariam à espera do Fome Zero sair do zero…

Eis a diferença fundamental entre a responsabilidade política do PSDB e a luta cega de nossos adversários pelo poder. Não colocamos interesses individuais à frente do bem coletivo nem fazemos do proselitismo nosso mote. Não seria agora que nos curvaríamos a essas práticas, num processo em que se fez muito barulho pelas poucas divergências e quase silêncio em torno das muitas convergências que nos unem.

A principal convergência é a construção de uma candidatura presidencial consistente, que aglutine apoio social e respaldo político e, principalmente, apresente um programa de estímulo ao crescimento econômico com redução das desigualdades, combate aos privilégios, respeito à livre iniciativa e promoção de políticas públicas que efetivamente transformem a vida das pessoas, e não sejam meros paliativos. Nada mais renovador no Brasil pós-lulopetismo. O nome que melhor sintetiza esse projeto de transformação nacional é Geraldo Alckmin.

A sociedade espera de nós, nesse processo que passa pela convenção de 9 de dezembro e prossegue na atualização das diretrizes partidárias, a consolidação da melhor alternativa para governar o país a partir de 2019. é preciso reconhecer, porém, que o PSDB desperdiçou tempo e energia nos últimos meses, desgastando a imagem de um partido que saiu vitorioso e vigoroso das eleições municipais. Elegemos mais de 800 prefeitos e o 45 foi o número mais digitado em 2016, quando o Brasil demonstrou clara preferência pela responsabilidade com a coisa pública e rejeição absoluta ao populismo.

Cumpre ao PSDB o papel de encampar agenda e candidatura presidencial que deem ao Estado mais eficiência e sustentabilidade, estimule a inovação e ofereça bem-estar social de fato aos cidadãos. Ou fazemos dessa toada um coro uníssono por um futuro mais próspero, ou vozes superficialmente sedutoras se revelarão cantos de sereias a lançar a nau brasileira contra os rochedos da história.

José Aníbal (PSDB-SP) é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.